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Autor do terceiro golo do FC Porto em Roma conta à “Dragões” a história que envolve duas marcas mexicanas de cerveja. Por João Pedro Barros Arquiteto de grandes jogadas, assistências e já de um par de golos com a camisola azul e branca, o mexicano acredita que pode fazer melhor no seu segundo ano ao serviço do clube, até porque cumpriu pela primeira vez a pré-época. Nesta entrevista, o avançado fala também do percurso difícil que teve de trilhar até chegar a um grande clube e de outras curiosidades: por exemplo, da alcunha Tecatito e da camisola 17, que não escolheu por mero acaso. (…) Como começou a jogar futebol? Foi por influência de alguém da família? O meu irmão andava sempre com uma bola e assim começámos. Íamos para a rua com os amigos e começávamos a jogar, fazendo as balizas com pedras. Surgiu assim o meu amor ao futebol. Aos 15 anos teve a oportunidade de ir para o Monterrey, uma cidade que fica a 1.500 quilómetros de Hermosillo, no México. Teve de se separar da família… Totalmente. Os meus pais tinham os seus trabalhos e os meus irmãos que tinham de criar e alimentar. Tive de ir para Monterrey, que fica a cerca de duas horas de avião. As circunstâncias económicas não eram boas para viajar e voltar: ia a Hermosillo uma vez por ano, estava sozinho em Monterrey e a tentar chegar longe no futebol. Foi difícil? Sim, ajudou-me muito estar sozinho, mas também vivi momentos difíceis que soube ultrapassar. Também tive bons companheiros, boas pessoas, que me ajudaram. Estreou-se na equipa principal do Monterrey com 17 anos. Como foi receber pela primeira vez a bola? Estava todo a tremer [risos]. Pouco a pouco isso foi passando, conforme me fui entrosando com a equipa. Os companheiros ajudaram-me muito e fui-me desenvolvendo futebolisticamente. Quando era mais miúdo era avançado, mas depois, quando cheguei ao Monterrey, puseram-me nas alas e por aí fiquei. A afirmação foi rápida. Cheguei a Monterrey aos 15, quase 16 anos. Passado ano e meio já estava na primeira equipa, jogando um pouco, treinando sempre. A partir do momento em que me afirmei, a minha ambição era chegar à Europa e passados três anos fui para a Holanda. Pode explicar-nos a história do apelido Tecatito, que nasceu precisamente no Monterrey, uma equipa patrocinada pela detentora das cervejas Tecate? Tudo começou quando subi à primeira equipa. O Monterrey era patrocinado pela marca concorrente do meu apelido, Corona. Para não dizerem Corona ou Coronita passaram a chamar-me Tecatito, de Tecate. Começou assim, como uma brincadeira, mas pegou e ficou. Sou mais conhecido por Tecatito no México e por Corona na Europa. Esteve duas épocas no Twente. Como foi a adaptação a um futebol e a um país tão diferentes? Pois, imagine-se o que é passar do México, muito quente, e chegar à Holanda, onde faz tanto frio que às vezes não se pode treinar. Depois havia a língua, a comida… Acabei por me adaptar, mas no primeiro ano foi difícil. Julgo que para conseguir qualquer coisa boa temos sempre que viver momentos difíceis. Com a minha família, a minha esposa e o bebé, acostumei-me e pouco a pouco fui melhorando em termos de jogo. Recebeu o convite do FC Porto com surpresa? Como via o clube de uma perspetiva externa? Como uma equipa grandíssima. Para mim era um sonho que me quisessem cá, depois de tudo o que passei. Deu-me muita alegria, foi como uma estrela caída do céu, que me permitiu seguir em frente com mais confiança. Foi fácil adaptar-se? Em comparação com a Holanda foi fácil, até por ter companheiros mexicanos. Agora sinto-me muito à vontade e orgulhoso de onde cheguei. A minha família sempre me apoiou, os meus irmãos, a minha mulher… Agradeço a todos os companheiros e treinadores que tive no passado e espero devolver essa confiança que tiveram e têm em mim. (Este texto é um extrato da entrevista a Jesús Corona publicada na edição de agosto da “Dragões”, a revista oficial do FC Porto, disponível na bancas. Pode também subscrever a “Dragões” em www.fcporto.pt.)

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