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Carlos Martingo regressou ao FC Porto e integra a equipa técnica liderada por Magnus Andersson

Depois de ter sido eleito Treinador do Ano, Carlos Martingo poderia aproveitar o balanço da distinção, mas, em vez disso, prescindiu do papel principal para reassumir a condição de ajunto. Fê-lo pelo FC Porto e por ele também. Não deteta na troca qualquer retrocesso, está disposto a aproveitar a experiência “ao máximo” e já vai avisando que a equipa que ajuda Magnus Andersson a dirigir revela “uma enorme margem de progressão”

Se o Carlos Martingo não fosse o Carlos Martingo, teria votado no Carlos Martingo para treinador do ano de 2017/18?
“Bom, na verdade, pude votar em mim e foi o que fiz, porque este ano mudaram um pouco o formato da eleição dos melhores em cada área. Fomos escolhidos pelos treinadores e pelos capitães, por quem percebe verdadeiramente do fenómeno. Fizemos um excelente trabalho em Avanca e pelo menos no top 3 teria que estar.”

E quais foram os segredos para uma época tão bem sucedida no Avanca, que não é um clube de primeira linha do andebol português e conseguiu uma qualificação inédita para a fase de atribuição do título?
“O primeiro de todos eles foi formar uma equipa com um lote de bons jogadores e alguns até excelentes, que foram para bons clubes estrangeiros. Isso é o mais importante. Depois, a disciplina e o rigor com que trabalhámos durante toda a época foram fundamentais. Esses foram os ingredientes que nos permitiram ter êxito.”

E o que leva um treinador, que estava a fazer a melhor época de sempre do Avanca, a sair na fase final da época para uma equipa que não estava a atravessar uma boa fase, que não foi escolhida por si e que até poderia ter um estilo de jogo que não aquele que defende?
“Primeiro, porque esta é a minha casa e sempre ambicionei regressar. Sabia perfeitamente o que ia encontrar, as dificuldades que íamos ter, mas não podia dizer que não a um pedido que o clube me fez para ajudar naquela fase da época complicada. Foi um grande desafio para mim, que não foi cumprido na plenitude, mas estaria sempre disponível para voltar, como é óbvio.”

O que o fez assumir de novo o cargo de adjunto quando já tinha uma carreira em ascensão como treinador principal?
“Embora já tenha três anos de experiência como treinador principal, sei que sou um treinador ainda em fase de formação e, tendo a oportunidade de trabalhar com um treinador com esta experiência e com esta qualidade, não hesitei minimamente, nem creio que se trate de um retrocesso na minha carreira. Vejo este momento como um processo de continuidade da minha formação e uma ocasião para aproveitar ao máximo esta experiência, que está a correr muito bem e que me poderá ser bastante útil no futuro.”

O facto de o treinador ser o Maguns Andersson também pesou na decisão?
“Claro que sim. Obviamente, não aceitaria ser adjunto de um treinador qualquer. O Magnus é uma figura do andebol mundial, quer como treinador, quer como jogador, e será até o treinador com mais currículo que alguma vez passou por Portugal. É uma mais-valia para o clube e uma mais-valia para mim.”

Identifica-se com o estilo de jogo e com as ideias do Magnus Andersson?
“Vejo o andebol de uma maneira muito parecida com a dele, em especial o sistema defensivo, e temos muitos pontos de vista em comum sobre a modalidade.”

Também foi adjunto do Ljubomir Obradovic, antes de sair para o Avanca, e há quem diga que há muitas semelhanças entre o Magnus Andersson e o Obradovic. Concorda?
“As personalidades são um pouco distintas, um é nórdico e o outro é balcânico, o que desde logo impõe algumas diferenças até na forma de encarar o dia-a-dia, mas em termos andebolísticos têm bastantes semelhanças, na maneira de ver o jogo, do sistema defensivo e na preocupação em lançar jogadores jovens e fazer melhores e mais jogadores.”

Com o Magnus Andersson, acha que o FC Porto fica mais perto de regressar aos títulos?
“O FC Porto tem de regressar aos títulos e o Magnus está aqui para nos ajudar e para ajudar o clube a reencontrar o trilho das vitórias, e tenho a certeza de que este ano vamos ser muito fortes e vamos reconquistar o título de campeão. A equipa já está próxima daquilo que esperam dela? Ainda não estamos completos, ainda faltam dois jogadores e esta equipa tem uma enorme margem de progressão. Além de serem muito jovens e alguns deles ainda não terem jogado juntos durante muito tempo, esta equipa poderá conseguir coisas muito boas.”

Jogador ou treinador: qual é o papel mais difícil de desempenhar?
“O mais difícil é ser treinador, não há dúvida, mas, curiosamente, não tenho grandes saudades dos meus tempos de jogador e, já nessa altura, sonhava ser treinador, atividade que me realiza completamente, mesmo tendo noção que este trabalho é muito mais abrangente e bem mais complicado, obrigando-nos, entre outras coisas, a manter sob controlo o ego e a forma de cada um dos jogadores.”

Esta entrevista foi publicada na edição nº 381 da revista Dragões, que pode subscrever gratuitamente aqui e à qual pode aceder no computador, no tablet e no smartphone, na sua versão versão digital.

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