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Jorge Nuno Pinto da Costa é um presidente orgulhoso pela dimensão crescente do FC Porto

No dia em que o FC Porto comemora 127 anos de muitas vitórias e muitos títulos, Jorge Nuno Pinto da Costa foi entrevistado no Porto Canal e abordou diversos temas do passado, do presente e do futuro. O presidente portista começou por falar sobre as particularidades da edição 2020 dos Dragões de Ouro, reiterou a vontade de continuar a ter Sérgio Conceição no banco da equipa de futebol e voltou a pronunciar-se sobre a ausência de adeptos nos estádios, que no caso do FC Porto já resultou em prejuízos na ordem dos 27 milhões de euros. Numa vertente mais institucional, Jorge Nuno Pinto da Costa congratulou-se pela dimensão nacional e internacional do FC Porto, o clube português que mais troféus ergueu para lá das nossas fronteiras.

Os Dragões de Ouro 2020
“Em primeiro lugar, queria saudar todos os portistas que a esta hora estão em contacto comigo através do Porto Canal. Foi com imensa pena que não pudemos fazer a nossa gala, num ambiente mais condizente com os galardoados. Perante essa impossibilidade, entendemos que não devíamos deixar de atribuir e entregar os Dragões de Ouro durante o dia de hoje nas diversas instalações do clube. Começámos às 10h00 da manhã e fomos até às 20h00 da noite, mas foram momentos de grande emoção. Para mim, foi um motivo de satisfação verificar que as pessoas continuam a sentir o FC Porto. Todos os galardoados mostrarem grande emoção. Foram momentos bonitos que fortaleceram o meu ânimo e me deixaram orgulhoso.”

As semelhanças entre José Maria Pedroto e Sérgio Conceição
“Não há pessoas iguais. Quando o comparo com o sempre saudoso José Maria Pedroto, creio que é algo altamente elogioso para o Sérgio Conceição. Ele veio para o FC Porto aos 16 anos e sempre acompanhei a carreira dele. Fui diretor e presidente dele quando era jogador e sou presidente agora como treinador. Tenho ma amizade fraterna pelo Sérgio Conceição e vejo muitas semelhanças com o José Maria Pedroto na determinação, na paixão no trabalho e no rigor próprio e para com os outros. O Sérgio Conceição é de um rigor extremo, mas sempre com racionalidade e colocando sempre os interesses do FC Porto acima de qualquer outro. Ele é capaz de entrar em qualquer guerra pelo FC Porto, não tem medo e apaixona-se por aquilo que faz. São pessoas diferentes, de origens diferentes, mas têm muito em comum naquilo que é o trabalho, a paixão, a dedicação e a vontade de defender sempre os interesses do FC Porto.”

A vontade de Sérgio Conceição continuar no FC Porto
“Foi com muita satisfação que ouvi isso, mas ele já me tinha dito. Depois da tempestade vem a bonança e vamos deixar passar este período difícil. Em três épocas ganhámos dois campeonatos e só não foram três em três pelo que se sabe. É justo que o Sérgio Conceição possa dar todo o seu trabalho e talento ao FC Porto em tempos mais fáceis. Desejo que o Sérgio Conceição seja o treinador do FC Porto no futuro.”

O FC Porto com Pinto da Costa na presidência
“Quando entrei no FC Porto, o clube era totalmente dominado pelo centralismo, mas talvez agora haja menos descaramento, apesar de haver maior cobertura da comunicação social. Havia uma subjugação permanente. Lisboa mandava e tínhamos que aceitar, mas lutámos contra isso. Depois, o 25 de abril acabou com muitas coisas e veio repor a verdade em muitos setores. Um deles foi o futebol.”

A caminho dos 150 mil sócios
“Sabe-se que as vitórias atraem sempre a juventude. Uma criança que começa a ouvir falar de futebol e que vê um clube a ganhar, a ter vitórias internacionais e a festejar, é fácil conquistar a simpatia desses jovens. Isso também teve influência. O dinamismo que se tentou imprimir vai mais de encontro à maneira de ser e ao caráter das pessoas do Norte. O FC Porto é hoje um clube nacional e internacional, mas não queremos perder as nossas raízes e características de clube da cidade do Porto e do Norte. O FC Porto tem sete títulos internacionais e, desde a última vez que ganhou, mais ninguém ganhou em Portugal. Queremos ter adeptos em todo o lado e o Dragão de Ouro Casa do Ano foi atribuído por unanimidade à Casa do FC Porto de Lisboa, porque realmente tem tido uma grande pujança e tem muitos associados. Queremos tanto esses como queremos os do Porto. Somos um clube nacional e todos são bem-vindos, desde que tenham o espírito do dragão. Tive um orgulho muito grande em entregar-lhes o Dragão de Ouro e sou a única pessoa ainda viva que esteve na inauguração da Casa do FC Porto de Lisboa.”

A ausência de adeptos nos estádios
“Não sei se falo sozinho ou não, porque quando falo, falo por mim. Quando estou com outras pessoas, todas dizem que tenho razão. É inadmissível o que está acontecer e a falta de sensibilidade das pessoas que mandam em relação ao desporto, mas também da Direção-Geral da Saúde, que não sabe minimamente o que é o desporto. Daí ser impossível aceitar que os camarotes num estádio de futebol tenham de estar vazios. É ridículo. As touradas estão cheias e as pessoas nem se distanciam umas das outras.”

As críticas do Benfica à Liga Portugal
“Não faz sentido criticar a Liga Portugal, mas compreendo pela situação que, pelo que dizem, o Benfica atravessa. Se calhar faz bem em atacar a Liga Portugal e não o Governo. O Benfica sabe porquê.”

Incompetência política
“Há muita incompetência. O Secretário de Estado do Desporto e da Juventude fala e depois é desmentido. Não foi escolhido por ser uma figura ligada ao desporto, mas há pessoas que não têm o mínimo de qualidade para os cargos que ocupam. Se a pandemia piorou, não foi pelo futebol, de certeza. Todos os países estão a abrir os estádios, menos Portugal. Nos Açores já há público nos espetáculos desportivos. Se há regiões que merecem elogios são os Açores e a Madeira. Abriram e não houve aumento de infetados. Tudo é permitido, tudo abre, mas no futebol nada. É lamentável. É falta de sensibilidade e competência.”

A perda de receitas com as portas fechadas
“Se o governo tivesse feito um bocadinho de nada, já tinha feito mais do que já fez. Os clubes têm funcionários e as suas obrigações para cumprir. Continuam a pagar impostos, por exemplo. O FC Porto teve um prejuízo de 27 milhões de euros com a falta de bilheteira, Lugares Anuais e camarotes, mas os impostos tem que pagar sempre. O Governo alguma vez parou para perguntar se os clubes têm dinheiro para pagar os impostos? Se não pagarmos, há logo multas e ameaças. Este Governo vai ficar ligado à falência do desporto em Portugal.”

A saída de António Costa da Comissão de Honra de Luís Filipe Vieira
“Se calhar pensou que não era bom ter na Comissão de Honra o líder de um Governo que está a matar o desporto português. António Costa sempre foi um apoiante do presidente do Benfica e admira-me que isto não tenha acontecido mais cedo. Não sei qual é o limite de dívidas, mas se calhar o Primeiro-Ministro acha que o presidente do Benfica deve pouco à Banca.”

O autarca Rui Moreira
“Na minha opinião, um autarca não é um político. Um político é aquele que faz carreira e que passa a vida na política. Um autarca tem que se preocupas com os seus munícipes, com a sua cidade e com a sua região. O nosso presidente da Câmara não é de nenhum partido, apenas criou um movimento para poder servir a cidade do Porto. Não é um político, é uma pessoa que dedica a vida à cidade do Porto como eu dedico ao FC Porto. Não interfere em nada com negócios do FC Porto, por exemplo, mas se houver ministros ligados a clubes cujo presidente tem dívidas, isso já é reprovável.”

O FC Porto e a Câmara Municipal do Porto
“Temos as relações normais que qualque clube tem com um presidente da Câmara que seja normal. Já tivemos um anormal com quem não tivemos qualquer relação, por exemplo. Quando um clube de Lisboa ganhar alguma coisa, é recebido na Câmara e muito bem. Quando o SC Braga teve as suas conquistas, foi recebido na Câmara e muito bem. Quando o FC Porto é recebido na Câmara, é normal. O FC Porto não beneficia em nada, mas é óbvio que queremos ter um bom relacionamento. Nunca fizemos nenhum negócio com a Câmara.”

O mercado de transferências
“Os que podem sair ou entrar amanhã, não sei dizer. Todos os jogadores têm cláusulas de rescisão e, se outro clube pagar e o jogador quiser ir, não podemos impedir. Vítor Ferreira e Fábio Silva são jovens de talento e com futuro, mas não eram peças indispensáveis no sucesso da equipa. Isso permitiu-nos ir buscar outros jogadores e compor parcialmente as nossas contas. Não abrimos mão de nenhum jogador do núcleo de 16 ou 18 que o treinador considera indispensáveis, mas se algum clube bater o valor da cláusula e o jogador quiser ir, não podemos fazer nada. Hoje o mercado está muito mais difícil, pois os clubes retraem-se mais. Há clubes que continuam a dispor de grandes verbas, mas muitos outros têm dificuldades e a pandemia afetou toda a gente. Em Espanha os prejuízos também foram muito grandes e a capacidade de comprar diminuiu. Ainda vão haver alguns negócios, mas em circunstâncias normais ter-se-iam feito muitos mais.”

Os empresários no mundo do futebol
“Como em todas as atividades, há bons e maus empresários. Há empresários que são muito importantes para o futebol, para movimentar o próprio mercado e para as finanças dos clubes. Há, por exemplo, algum clube que possa dizer que o Jorge Mendes tenha estragado algum negócio? Há outros que, com a sua ganância, pedem para eles a mesma quantidade que os jogadores vão ganhar, por exemplo.”

O futebol português a melhorar
“Os treinadores estão muito melhores e mais bem preparados, por isso é que se vê a quantidade de treinadores portugueses que vão para o estrangeiro e têm sucesso. O FC Porto e o Benfica têm treinadores de grande valia, que foram para o estrangeiro e tiveram sucesso. O Sérgio Conceição fez um trabalho notável no Nantes e nem o queriam deixar sair. O Jorge Jesus fez o que fez no Flamengo. Há outros como José Mourinho, André Villas-Boas, Vítor Pereira, etc. Em termos de jogadores, sempre houve grandes jogadores em Portugal. Desde que fui diretor do futebol, sempre me habituei a ver grandes talentos no FC Porto e nos adversários. Em termos de árbitros, acho que se melhorou muito. Há mais critério e mais rigor. Salvo raras exceções, o VAR veio evitar muitas injustiças e alterações de resultados. De um modo geral melhorou. Já a comunicação social desportiva piorou muito. Há três jornais desportivos e há programas de futebol na televisão que mais parecem de humor. Ainda noutro dia nos ríamos porque nunca falámos com o Manchester City por causa do Otamendi. O Otamendi é um jogador com história no FC Porto e fez parte do grupo que venceu a Liga Europa e que levou banho quando fomos campeões na Luz, mas nunca foi opção para nós e nunca nos foi oferecido. Há jogadores que fizeram dezenas de notícias e que nem conhecíamos. As únicas páginas em que acredito são as da necrologia. O resto tem de ser enchido todos os dias.”

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