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Jorge Nuno Pinto da Costa despede-se da presidência do clube esta terça-feira

86 anos como adepto, 71 como sócio, 61 nos órgãos sociais e 42 na presidência do FC Porto. O dia 7 de maio de 2024 marca a viragem no percurso do melhor dirigente da história do futebol: Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente mais titulado de sempre, regressa à condição de associado e entrega a pasta a André Villas-Boas, que toma posse ao meio-dia desta terça-feira.

Nascido em Cedofeita às 6h10 da manhã de 28 de dezembro de 1937, o dia dos Santos Inocentes, o quarto filho de José Alexandrino Teixeira da Costa e de Maria Elisa Bessa de Lima Amorim Pinto começou a seguir o FC Porto guiado pela mão do tio Armando, antigo presidente do Famalicão que o levou a ver um jogo contra o SC Braga no Campo da Constituição. O menino de oito anos pouco ou nada viu, mas nunca esquece o que sentiu.

No penúltimo dia de 1953, acabado de completar 16 primaveras, a avó Alice inscreve-o como sócio do clube. Três anos mais tarde, o irreverente Jorge Nuno contraria a vontade da mãe e interrompe os estudos no final do liceu. Sem ingressar no ensino superior, pega no diploma do sétimo ano e começa logo a trabalhar - primeiro num banco, a seguir como vendedor de produtos químicos e depois numa empresa de eletrodomésticos.

A conversa que mudou a história do desporto surgiu em 1958. O presidente Cesário Bonito convida-o para ser vogal do hóquei em patins e é nesse papel que acompanha o emblema do coração rumo a Torres Vedras onde, no ano seguinte, festeja o desígnio que nem Inocêncio Calabote conseguiu impedir. A partir daqui nada foi igual.

Acabou promovido a chefe da secção três anos depois, função que acumula com a de responsável pelo hóquei em campo, antes de se mudar para o boxe e de travar amizade com Reinaldo Teles. Em 1969 aceita o repto de Afonso Pinto Magalhães, torna-se responsável pelas modalidades amadoras e Américo de Sá sucede ao banqueiro, contudo Pinto da Costa rejeita continuar pois entende que o novo presidente deve renovar os orgãos sociais.

As portas de casa reabriram-se cinco anos depois, quando Américo de Sá lhe promete carta branca na escolha da equipa técnica e do plantel para a temporada 1976/77. Levantada a interdição que impedia o regresso José Maria Pedroto, treinador e diretor ganham a Taça de Portugal na primeira época juntos, quebram o jejum de 19 anos na segunda e sagram-se Bicampeões de Portugal - quase quatro décadas depois - na terceira.

Os eventos ocorridos na final da prova rainha de 1980 levam a dupla a cortar com o presidente. Inconformados perante a postura de Américo de Sá, que acusam de sucumbir às forças da capital, ambos deixam o clube e são acompanhados por 14 jogadores. Alguns atletas saem, outros ficam, mas a equipa de futebol não reencontra o trilho das vitórias e o portista de Cedofeita decide candidatar-se à liderança da instituição.

Vence o sufrágio de 1982 e só precisou de esperar dois anos para cumprir uma ambiciosa promessa eleitoral. Já sem Pedroto no banco, devido a doença, o FC Porto faz a vida negra à toda-poderosa Juventus, mas perde a final da Taça das Taças contra tudo e todos. O Mestre morre nos meses seguintes, Artur Jorge segue as pisadas do mentor e ganha o bicampeonato na mesma altura em que se conclui o rebaixamento do Estádio das Antas - outra das promessas da Lista B.

A chegada ao Olimpo do futebol aconteceu em 1987. A jogar fora na capital austríaca, os Dragões que já não eram andrades vergaram o super Bayern de Munique e conquistaram a mítica Taça dos Campeões Europeus. Não satisfeitos, ainda foram a Tóquio erguer a Taça Intercontinental debaixo de um nevão que deixou Portugal em suspenso. O primeiro triplete internacional da história do futebol ficou completo já sob o comando de Tomislav Ivic, o timoneiro responsável pelo triunfo na Supertaça Europeia frente ao Ajax.

O FC Porto venceu mais quatro campeonatos, duas Taças e três Supertaças até ao centenário, números insuficientes para satisfazer o ambicioso dirigente. Acabado de saber que Sousa Cintra dispensara Bobby Robson, desvia o técnico sportinguista e lança as bases para o primeiro de cinco títulos consecutivos. António Oliveira e Fernando Santos dão perfeito seguimento ao trabalho do Sir e, em 1999, os Aliados enchem para dar vivas ao inédito Penta.

Pinto da Costa tirou mais uma carta da manga em 2002, quando contratou um treinador despedido pelo Benfica e rejeitado pelo Sporting que lhe devolveu a glória europeia. Quebrado o enguiço dentro de portas, José Mourinho guia os portistas ao topo da Europa com a conquista da Taça UEFA, em Sevilha, e da Liga dos Campeões, em Gelsenkirchen, num curto espaço de 12 meses em que ainda sobrou tempo para inaugurar o magnífico Estádio do Dragão.

Bicampeã do Mundo em Yokohama, a crescente nação azul e branca teve motivos de sobra para celebrar na primeira década do século XXI. Co Adriaanse e Jesualdo Ferreira fecharam-na com um Tetra e duas dobradinhas, o Professor juntou-lhe mais um êxito no Jamor e abriu caminho para a entrada de André Villas-Boas.

Com o sucessor no banco, Jorge Nuno Pinto da Costa festejou uma Supertaça contra o Benfica, um título nacional sem derrotas na Luz, uma Liga Europa em Dublin e uma Taça de Portugal ganha de goleada. O treinador mais jovem de sempre a conquistar uma prova continental saiu, Vítor Pereira subiu de posto e o FC Porto aumentou a contagem até ao Tri.

O Museu que abrira portas no 120.º aniversário voltou a ser abastecido após a chegada de Sérgio Conceição, que impediu o Benfica de igualar o registo para o qual havia contribuído como jogador e recolocou o Dragão na senda dos êxitos. De 2017 para cá o clube conquistou três campeonatos (mais do que qualquer rival), três Taças de Portugal (idem), três Supertaças (idem) e o caneco que faltava para completar o ramalhete.

Jorge Nuno Pinto da Costa despede-se do cargo que ocupa desde 23 de abril de 1982 após 42 anos, duas Ligas dos Campeões, duas Taças Intercontinentais, duas Ligas Europa, uma Supertaça Europeia, 23 campeonatos, 15 Taças de Portugal, 22 Supertaças e uma Taça da Liga. 15.356 dias e 2.591 troféus nas diversas modalidades que fazem dele o mais longevo e galardoado dirigente de sempre. E a maior figura da história do Futebol Clube do Porto.

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