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Derlei recorda a caminhada até Sevilha e analisa o início de época do FC Porto antes da estreia na Liga Europa

Derlei, autor de um bis que valeu a conquista da Taça UEFA em 2003, reconhece que “o início de temporada tem sido fabuloso”, mas pede “muita paciência e resiliência em determinados momentos para jogar com o formato da competição” que, mesmo “com condições diferentes” das de há 22 anos, faz com que “as equipas apostem muito no fator casa”. 
 
Feliz por ver “a velha mística do FC Porto” e “a agressividade e intensidade” que são “essenciais no Clube” e lhe foram transmitidas por Jorge Costa - “um atleta excecional que transportava para o balneário liderança, amizade e profissionalismo e dentro de campo mostrava uma imposição territorial ao adversário” -, o antigo avançado destacou ainda o “muito apoio” de “adeptos ímpares” que “lutam nas bancadas” e “mostram-se nos estádios entre 50 ou 60 mil pessoas”: “Isso sempre fez e vai continuar a fazer a diferença”.  
 
As declarações de Derlei, protagonista de um momento “que fica eternamente na memória de todos os que o viveram e para a história do Clube”, foram originalmente publicadas no Travel Guide disponibilizado aos parceiros que viajaram no avião que levou a comitiva portista até Salzburgo. 
 
Como tem visto este arranque de temporada do FC Porto? 
“Este início de temporada tem sido fabuloso. É como se voltássemos atrás no tempo e a velha mística do FC Porto tivesse voltado porque vemos como a equipa joga e arrasta os adeptos para dentro de campo. Isso é essencial no FC Porto. Quando os atletas conseguem fazer isso, significa que o FC Porto voltou a entrar nos trilhos, no caminho certo para conseguir muitas vitórias.” 
 
O que pensa do modelo apresentado por Francesco Farioli? 
“Tem-se visto uma mudança, não só nas questões táticas, mas também na forma como a equipa joga, na agressividade e na intensidade que demonstra dentro de campo. Isso tem feito a diferença neste arranque de época. As equipas do FC Porto habituaram-nos a ter essa agressividade e deu frutos ao longo dos anos. O que o mister Farioli fez foi devolver essa agressividade, claro que com o seu toque nas questões técnico-táticas." 
 
Que avaliação faz dos reforços? 
“Quero focar-me mais para a parte defensiva, porque no passado tivemos mais problemas nesse setor. Os reforços que chegaram para a defesa têm trabalhado com o mister Farioli e nota-se uma equipa muito mais agressiva, o que tem melhorado o sistema defensivo e ajuda a empurrar a equipa mais para o ataque, para pressionar mais à frente. Destacar apenas um nome seria injusto numa equipa que se completa. Acredito também que o Luuk de Jong é uma peça fundamental, não só dentro de campo, mas principalmente no balneário porque é experiente, já passou por momentos difíceis e por grandes êxitos.” 
 
Além dessa experiência do Luuk de Jong, o plantel conta ainda com a juventude do Samu e do Deniz Gül. Como classifica este trio de avançados? 
“O Luuk de Jong veio trazer muita experiência à frente de ataque, como destaquei, e em determinados momentos é preciso isso. Já todos conhecemos o potencial e a capacidade extraordinária que o Samu tem, apesar de ser muito jovem. Já demonstrou toda a sua capacidade com a camisola do FC Porto, vê-se que tem uma margem de progressão muito grande. Em relação ao Deniz Gül - tal como o William Gomes, que esta temporada tem demonstrado mais confiança e conseguido atingir o nível que os adeptos do FC Porto gostam, com margem de progressão -, é um atleta jovem que vai crescer e dar muitas alegrias aos portistas.” 
 
Vai começar mais uma Liga Europa. O que é preciso fazer para ir longe na competição? 
“A Liga Europa tem um formato diferente daquele em que joguei, por isso a estratégia e as condições também mudam, mas não deixa de ser uma prova em que é preciso muita resiliência, principalmente nos jogos fora de portas porque as equipas apostam muito no fator casa. O FC Porto vai defrontar equipas que estão mais habituadas a certas temperaturas e que fazem do público uma mais-valia, mas este é um Clube acostumado a isso, a jogar em qualquer estádio de igual para igual com o adversário. Tanto os atletas que chegaram como os que já cá estavam, em conjunto com a forma como o mister Farioli tem orientado a equipa, dão totais garantias de que o FC Porto vai fazer uma excelente temporada e lutar em cada jogo pela vitória. É preciso muita paciência, resiliência em determinados momentos e jogar com o formato da competição. Temos que nos manter nesses lugares. Temos todas as condições para passar em primeiro lugar, mas o importante é chegar à fase seguinte. Aí sim, já é uma fase a eliminar e é preciso jogar com o fator casa, que tem feito muita diferença a favor do FC Porto.” 
 
Que momentos recorda de 2002/03? 
“Recordo com grande carinho e nostalgia esse percurso. Os momentos mais importantes que guardo, tirando o jogo do título, foram os duelos com o Panathinaikos. Naquela altura, a competição tinha um formato diferente, era em jogos de ida e volta. Jogámos primeiro em casa, perdemos por 1-0 apesar de nem termos jogado mal, mas não conseguimos marcar. Lembro-me que o mister, no final do jogo, foi à conferência de imprensa pedir aos adeptos para ficarem calmos porque aquela era apenas a primeira metade da eliminatória e que, mesmo jogando fora de casa, tínhamos capacidade para nos qualificarmos para a fase seguinte. Foi o que aconteceu: revertemos o resultado, ganhámos por 1-0 no tempo regulamentar e marcámos novamente no prolongamento. Foram os dois jogos mais importantes e mais diferentes de tudo o que tínhamos passado até então. Chegámos à final e esse foi um jogo à parte, não só pela conquista do título, mas por ter sido um jogo que ficou na história do Clube.” 
 
Os golos em Sevilha marcaram-no muito? 
“São esses momentos que marcam individualmente um atleta e tenho muito orgulho por ter feito parte dessa história e ajudado os meus colegas e o FC Porto a conquistar aquele troféu ao marcar dois golos. Puxando pela memória dou especial destaque ao segundo golo, porque foi aquele que deu realmente o título num calor de quase 40 graus. São momentos que ficam eternamente na memória de todos os que os viveram e ficam para a história do Clube também.” 
 
Quem é o Derlei do atual plantel? 
“Não consigo destacar um jogador com as caraterísticas que eu tinha, mas a equipa no geral tem aquilo que eu gostava de mostrar, que é a dedicação, o empenho, a agressividade, no fundo aquilo que encontrei no FC Porto, a mística que aprendi aqui. Isso é a maior caraterística que esta equipa tem. Conheço bem alguns atletas, principalmente os que já cá estavam, e são diferentes de mim, mas aportam tudo isso e muito mais. Por serem jovens, têm potencial para fazerem muito mais e melhor do que eu fiz.” 
 
Quão importante é o apoio dos adeptos para o FC Porto fazer uma boa campanha? 
“Na altura, em casa e principalmente fora, sempre tivemos muito apoio. Sempre que jogávamos em casa tínhamos o estádio cheio. Isso sempre fez e vai continuar a fazer a diferença. Os adeptos do FC Porto são ímpares. Naturalmente, mesmo fora de casa, quando vão são menos, mas fazem barulho e mostram-se no estádio entre 50 ou 60 mil pessoas. Para quem está dentro de campo, faz a diferença saber que nas bancadas há alguém a apoiar e a lutar por ele. Todos sabemos que a razão de existir de um Clube são os adeptos, por isso estejam 60, 70 ou 100 mil pessoas a apoiar, sabemos que é espetacular sentir esse carinho no Estádio do Dragão. Fora também, sempre houve muitos adeptos que vão lutar pelo Clube e estar sempre junto do FC Porto onde estiver a jogar.” 
 
Viveu essa conquista europeia ao lado do Jorge Costa. O que transportava o Jorge para o vosso balneário e que caraterísticas dele vê nesta equipa? 
“Falar do Bicho é fácil, por um lado. Era um ser humano e atleta que transportava para o balneário liderança, amizade e profissionalismo e dentro de campo mostrava uma imposição territorial ao adversário e fazia questão que os colegas seguissem esse exemplo. Conseguia liderar a equipa em momentos difíceis. Ele tinha uma frase muito típica, quando o adversário nos estava a apertar muito e a sufocar-nos atrás. Quando a bola parava, num canto por exemplo, ele dizia “vamos deixá-los marcar um golo para que possamos voltar a jogar novamente”. Tinha um sentido de humor fantástico e isso ajudava os atletas mais jovens que tinham acabado de jogar e estavam mais ansiosos. O Bicho era um atleta excecional e, com certeza, esta equipa que ele ajudou a montar adquiriu os seus valores. Com certeza passou-lhes os ideais em conversas individuais que teve fora de campo, pedindo e falando sobre essa agressividade, a mística do FC Porto que se vê em campo. Infelizmente perdemos o Bicho, mas ganhámos o FC Porto de volta e isso é extremamente importante. Foi um grande trabalho feito por ele e por toda a Direção.”

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