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Antigo jogador e treinador campeão europeu tinha 78 anos

O FC Porto está de luto pela perda de uma das maiores figuras da sua história. Morreu Artur Jorge aos 78 anos de idade.
 
Artur Jorge Braga de Melo Teixeira nasceu no Porto a 13 de fevereiro de 1946, foi inscrito como sócio do FC Porto ainda em criança e deu os primeiros pontapés na bola nas equipas de miúdos que cresciam no Campo da Constituição. Em 1964, com apenas 18 anos de idade, estreou-se pela formação principal num jogo da Taça de Portugal frente ao Peniche e marcou um golo. Disputaria mais cinco e marcaria mais um, antes de rumar a Coimbra, onde estudou Filologia Germânica (curso que viria a completar na Universidade de Lisboa), e à Académica, clube em que se afirmou como um dos avançados mais importantes do futebol português. A carreira como atleta prosseguiria ao serviço do Benfica, do Belenenses e dos norte-americanos Rochester Lancers e valeu-lhe a conquista de quatro campeonatos e duas taças de Portugal pelos encarnados. Pela seleção portuguesa realizou 16 jogos e marcou um golo. 

Foi como treinador que Artur Jorge inscreveu o nome na história do futebol mundial. No início da década de 80, começou como adjunto de José Maria Pedroto no Vitória de Guimarães e continuou como técnico principal ao serviço do Belenenses e do Portimonense. De forma algo surpreendente, em 1984 foi a escolha de Jorge Nuno Pinto da Costa para suceder a Pedroto e a António Morais (que substituíra o Mestre interinamente) como treinador do FC Porto. A aposta não demorou a revelar-se plenamente certeira. Artur Jorge potenciou ao máximo um plantel recheado de talento e construiu uma máquina de jogar futebol e ganhar títulos. Na primeira temporada, foi campeão nacional; na segunda, renovou o título; na terceira ganhou a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Foi o primeiro treinador português a sagrar-se campeão europeu. 

A final de Viena é o expoente máximo de uma carreira notável. Perante um Bayern Munique ultra-favorito, o treinador do FC Porto começou a brilhar na véspera do jogo, quando surpreendeu os jornalistas germânicos ao expressar-se num alemão perfeito. Ficava demonstrado logo ali que quem viajara de Portugal para a Áustria para disputar o título de clubes mais importante do mundo do futebol não era um conjunto de periféricos simpáticos e diminuídos. A 27 de maio de 1987, no Praterstadion, ao intervalo tudo parecia decorrer como seria suposto, com o Bayern em vantagem por 1-0. Até que Artur Jorge proferiu uma palestra que quem a testemunhou descreve como absolutamente inspiradora e galvanizante e a história começou a mudar. Madjer empatou de calcanhar, Juary selou o triunfo. O FC Porto conquista um título internacional pela primeira vez e Artur Jorge garantia a eternidade.

No fim dessa temporada o treinador saiu para os franceses do Matra Racing, mas regressou à Invicta em dezembro de 1988 para mais duas temporadas e meia em que promoveu a renovação de uma equipa histórica e continuou a amealhar troféus. No total, ao serviço do FC Porto, venceu uma Taça dos Campeões Europeus, três Ligas de Portugal, uma Taça de Portugal e três Supertaças. 

O percurso de Artur Jorge como treinador prosseguiu ao serviço de diversos clubes - como o Paris Saint-Germain e o Benfica - e seleções - com destaque para as de Portugal e da Suíça. O seu palmarés foi enriquecido com uma Liga, uma Taça e uma Supertaça de França, uma Liga da Arábia Saudita e uma Supertaça da Rússia.

Artur Jorge foi um homem e um treinador diferente do comum. Extremamente culto, autor de um livro de poesia, melómano e colecionador de arte, afirmou-se simultaneamente como um dos técnicos de futebol com mais sucesso do final do século XX. A sua morte deixa o FC Porto órfão de uma lenda.

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