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Jorge Nuno Pinto da Costa tomou posse como presidente do FC Porto há 42 anos

Há quase 600 anos, escrevendo sobre as guerras do reinado de D. Fernando, o cronista Fernão Lopes deu conta de que então nasceu “um mundo novo, muito contrário ao primeiro”. Foi também isso que aconteceu a 23 de abril de 1982, tanto na história do FC Porto como na do desporto português, não na sequência de um conflito armado, mas como resultado de uma eleição democrática. Nesse dia, aos 44 anos de idade, Jorge Nuno Pinto da Costa assinou pela primeira vez um ato de posse como presidente do clube. 

Na verdade, as sementes da mudança já tinham sido lançadas alguns anos antes, entre 1976 e 1980, quando Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto revolucionaram o futebol do FC Porto e concretizaram um verdadeiro 25 de abril na modalidade. Em 1978, a conquista do campeonato nacional significou um ponto final em 19 anos de hegemonia dos clubes da capital, que em conjunto tinham vencido 38 das 43 edições da liga disputadas até então. O poder asfixiante de Lisboa, transversal aos diversos domínios da sociedade, passou a enfrentar resistência dura a partir de uma instituição do Norte e nunca mais foi tão forte no desporto.

Foi a 23 de abril de 1982, no entanto, que ficaram plenamente reunidas as condições para a afirmação do FC Porto à escala global. Nada ficou igual depois dessa data. O clube que nunca tinha atingido as meias-finais de uma competição europeia conseguiu conquistar sete troféus internacionais - e ser mesmo duas vezes consagrado como o melhor do continente e outras duas como o melhor do mundo. Nas provas internas os números também foram arrasadores: 23 campeonatos - incluindo um inédito ciclo de cinco triunfos consecutivos -, 14 Taças de Portugal, 22 Supertaças. Nos 60 anos entre 1922, quando surgiram as competições oficiais de caráter nacional, e 1982, quando Jorge Nuno Pinto da Costa foi eleito presidente, o FC Porto venceu 16 troféus no futebol. Com o atual líder, em 42 anos, já vai em 68.

Mas o trabalho e o sucesso desta liderança estendem-se por vários domínios. Nas outras modalidades, houve títulos europeus de hóquei em patins e de bilhar, um decacampeonato de hóquei, um heptacampeonato de andebol, além de várias centenas de outros títulos e de muitas marcas de prestígio. Ao nível do património, houve acontecimentos tão relevantes como o rebaixamento do Estádio da Antas, as construções do Estádio do Dragão, do Dragão Arena e do Museu FC Porto, a reabilitação do Campo da Constituição e o estabelecimento de parcerias que permitem ao clube usufruir do Centro de Treinos do Olival e do Complexo de Piscinas de Campanhã. Paralela a este crescimento desportivo e infraestrutural ocorreu, também, uma expansão da comunidade portista: em 1977, o FC Porto tinha 52 mil sócios, 90% dos quais se concentravam nos concelhos do Porto, de Gondomar, da Maia, de Matosinhos, de Valongo e de Vila Nova de Gaia; em 2020, como resultado destes sucessos, já eram quase 140 mil, muito mais espalhados por todo o país e pelo mundo e com especial implantação no Norte de Portugal.

Num plano mais simbólico, houve outra grande transformação: durante as presidências de Jorge Nuno Pinto da Costa os adeptos do FC Porto tornaram-se Dragões. A figura mitológica do dragão, ainda que inscrita no emblema do clube desde a década de 1920, só nos anos 80 e por iniciativa do presidente se afirmou como elemento relevante de identificação da instituição e da sua comunidade - daí a revista criada em 1985 se chamar Dragões e o estádio inaugurado em 2003 ter sido batizado como Dragão. O “novo mundo muito ao contrário ao primeiro” do FC Porto é este: o mundo dos Dragões, que com a força, a ferocidade e o heroísmo necessários enfrentam todas as adversidades e triunfam muito mais vezes do que os outros. É um mundo criado, em grande medida, por Jorge Nuno Pinto da Costa. E, para felicidade dos adeptos do FC Porto, é mesmo um mundo real.

Versão atualizada do texto originalmente publicado a 23 de abril de 2021.

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